Apresentação

Rubens Barbot, destacado profissional no mundo da dança contemporânea afro brasileira estará em 2010 fazendo 40 anos em que assumiu a dança como sua profissão.

Foram anos envolvidos com aulas, pesquisas, solos, grupos, estudos, até chegar a criação da sua companhia afro-brasileira, pioneira no Brasil.

Barbot se destaca no cenário afro brasileiro e no contexto da dança contemporânea nacional já que sua dança não é uma dança calcada em tendências colonizadoras. As obras de Rubens Barbot singularizam-se por seu teor traumático, catastrófico, reticente e memorial, estampando o social na dança carioca.

Fazendo uma leitura mais aprofundada das suas obras (algumas inéditas no país) construídas no longo percurso destes anos descobre-se que todas foram obras que embora fossem baseadas em pontos específicos do acontecer ou pensar brasileiro os títulos dessas obras sempre fizeram referências a sua condição da época.

A dominação encarnada no atual modo de dançar, na estética de corpo exigida e presente nos palcos, em reflexo ao meio vivido, destoa da marginalização, da pobreza, da estética da fome, do pobre, do negro, dos afrodescendentes , da sujeira social, da subalternização do povo brasileiro, e de tantos outros aspectos sócio-culturais que impregnam nosso cotidiano e atribuem a nossa corporalidade um aspecto singular na comunicação dela derivada.

A dança de Barbot sempre esteve ligada ao seu dia-a-dia como cidadão.

Assim sendo, por exemplo, em 1981 criou um espetáculo chamado Blue Jeans que ele próprio definia como uma dança para usar em qualquer momento (como as calças) e no espetáculo de despedida da sua cidade natal em 1983 fala de: Para não dançar (nas mãos dos outros), desse jeito chegou em 2008 ao espetáculo O reino do outro mundo - Orixás, convencido diante das tendências contemporâneas nacionais de que ele é “do outro mundo”, embora o espetáculo fosse uma leitura contemporânea da dança dos Orixás.

Os 40 anos o encontram exatamente com uma companhia festejando os 20 anos da sua fundação. Isso tudo merece uma festa. E será uma festa de dança e para a dança e principalmente, para o Brasil dançante que Rubens Barbot tanto admira.